sexta-feira, 21 de maio de 2010

Papa

O carro que está à frente do restaurante não precisa de chave. O avô põe uma moeda e lá vou eu, um verdadeiro piloto, a andar prà frente e pra trás a dizer adeus ao avô e à avó e à mãe e ao pai, que olham para mim tipo multidão a olhar prò Papa.
Nunca percebi porque é que se chama Papa a um senhor que nunca se vê comer nada. Se queriam mesmo usar a comida, deviam chamar-lhe Carninha (a mãe está sempre a dizer que a carninha é importante) ou Batatinha, como o sr. doutor palhaço que vai ao hospital - aquele carro branco mais parece uma ambulância, não é?
Quando o Papa andou de ambulância na Segunda Circular, o mano só chegou a casa duas horas e meia depois de terminar a escola - ele estuda no Restelo - porque teve de esperar que o Papa passasse, que é o que acontece quando a mãe se engana e põe a sopa tempo a mais no microondas. Ou espera ou sopra para arrefecer.
Como o mano se atrasou, lanchou tarde, não teve tempo para fazer os trabalhos todos e, claro, quando se foi deitar, já era tarde para ele. A essa hora, o Papa ainda devia estar de volta dos doces, que li no jornal que ele é guloso e é à noite que a mãe diz que sabe bem comer chocolates.
Eu também gosto de doces. Nunca provei chocolate, mas adoro papa.

Aposto que o avô Armando me arranja uns batedores prò meu carro.

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