Tenho as gavetas cheias de roupa marcada com estrelas. A mãe, quando recebe os sacos - caixotes, às vezes - agradece, diz que vai dar muito jeito e coisa a tal, e não lava nem arruma peça nenhuma sem antes se sentar no sofá da sala a marcar tudo com linhas de cores diferentes consoante quem tiver emprestado. Se ela me perguntasse, eu ajudava-a e ela escusava de ter todo esse trabalho.
Não sabes a quem devolver as T-shirts que não têm etiqueta? É fácil, pertencem aos alérgicos dos primos! Há dois pares de camisolas interiores com macacos iguais, mas numa são verdes e noutra, azuis? Pra quê assinalar a amarelo quando se vê logo que pertencem aos gémeos? Noventa por cento das camisas são do Joãozinho, os sapatos com berloques, daquela tia do menino que não gosta de camisas, e por aí adiante...
Claro que, face a esta minha estrondosa memória, há sempre quem baralhe o esquema. De que rapaz serão, meu deus, que vergonha!, os soquetes cor-de-rosa? E quando é que percebem que eu definitivamente não preciso daquele babete às flores? Obrigada, pode devolver-se... E as camisas com golas debruadas? Mano, tu não vestias aquilo, pois não?
Vasculhando bem, parece que meu-meu SÓ tive ao longo da minha vida uns cinquenta pares de calças, outras tantas T-Shirts e uns inenarráveis collants lilases que a avó comprou na feira.
É pouco, mas dá prò gasto. Aos que emprestaram, a mãe agradece.
E se passarem cá por casa pode ser que vos faça um bolo.
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