segunda-feira, 24 de maio de 2010

Palavras

Não consigo falar. Quer dizer, falar até falo, mas ninguém me percebe. É uma chatice admiti-lo, mas é a verdade. Eu até posso achar que digo umas coisinhas, mas, quando chega a hora da verdade, caput!, ninguém chega ao que eu quero.
Pedir água quando chego a casa ainda vá que não vá: é agarrar no dedo indicador mais próximo (os crescidos têm sempre um dedo grande para a gente agarrar) e puxá-lo até à cozinha, ao pé do meu copo, e dizer "aba". Fácil, né?
Agora experimentem dizer "nhanha" quando estão na casa de banho e hão-de ver se alguém vos dá papa. Ou "táta" quando acabam de acordar e ver se alguém se digna a ir dar-vos banho... E a fralda suja? Como explicar que tenho a fralda suja, quando a sopa não é de alho-francês e estamos ao ar livre?
É das coisas que mais me custa: não conseguir fazer-me compreender. E tão bem que falo aqui enquanto escrevo...
Tudo parece uma fase. Não que queira abusar, mas se alguém me desse um computador como o do mano, com um botão de ligar e desligar, um rato com aquela luz azul brilhante, um teclado assim para eu bater e uma cadeira que gira como a dele... enfim, talvez ajudasse.

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