Nós vivemos num oitavo andar e o nosso jardim é, afinal, a nossa varanda. A horta (em que ela tenta plantar coentros, salsa, tomate, tomilho, abóboras!) são, afinal, alguns vasos mal semeados com uns repuxos verdes que eu aposto que vão parar à minha sopa, mas que, enfim, lá conferem o tom verde à fachada mais bonita da rua.
O objectivo "plantas" começou quando, andava eu na barriga da mãe, ela, o pai e o mano se mudaram de uma casa pequenina e húmida na zona velha da cidade para aquilo que o mano chamava de "palácio". O facto de serem mais alguns metros quadrados de soalho flutuante e de a casa ser a estrear ajudou a que todos andassem uns tempos deliciados com cada centímetro da casa (daí o palácio). Entretanto, já lhes passou e já se queixam do espaço que os meus brinquedos ocupam.
Este apartamento tem, contudo, um senão. Uns 10 cm entre a barreira de vidro da varanda e o chão fazem a mãe recorrer ao parque sempre que se lembra de um dia em que, na casa antiga, uma lata de 'Pronto!' caiu sobre a cabeça de um senhor que ia a passar e quase o matou, e fizeram-na decidir que, antes de eu andar, teria de ter essa zona "forrada" a vasos. Claro que a estratégia da mãe resulta e eu, bolas!, agora tenho uma trabalheira desgraçada se quiser enfiar os legos pelos buracos e não consigo atirar as molas da roupa sobre os vizinhos que vão pôr o lixo no contentor. Até ao dia em que tenha força para arrastar os vasos, que é para isso, afinal, que se come a papa.
Com a mania das ecologias, a malta cá de casa não desperdiça sequer a água fria do início do banho. Enquanto aquece, vai-se enchendo um balde, que depois serve, está-se mesmo a ver... para regar as plantas. Depois de uma interdição inqualificável de quase ano e meio, há cerca de um mês a mãe começou a achar que a varanda já estava suficientemente segura para eu ir lá para fora regar com ela, e isso é algo que simplesmente adoro! Chapinho no balde, como terra, arranco as flores mais bonitas (que as secas picam!) e, melhor que tudo, entorno para cima de mim tudo o que é bacia com babetes de molho que andem por lá a incomodar. Agora digam lá: se é mais que certo que o faço de livre vontade e até está o seu solzinho, por que raio me tiram eles a roupa quando fico ensopado?
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