quarta-feira, 19 de maio de 2010

Colos

O meu avô e eu temos uma relação muito especial. Eu digo "anda" e ele vem, eu abraço e ele abraça, eu choro e ele abaixa-se, eu agarro um livro e ele lê. É capaz de ficar sem lanchar para brincar comigo. Consegue dar colinho o caminho TODO! da escola até casa... Claro que todos os outros crescidos fazem muitas coisas quando eu peço, mas este avô tem qualquer coisa especial.
Ele vive em Lamego com a avó que faz a papa mais deliciosa do mundo - desculpa lá, mãe, mas é a verdade -, mas que tem a mania de me pôr a dormir e de me mudar a fralda quando eu estou evidentemente ocupado a jogar à bola no corredor.
Tenho mais dois outros avós, que estão agora a tratar da horta, e de vez em quando também vêm ter comigo. A avó dá muita roupa e vem tratar de mim já com a papa pronta nas panelas cheias para não ter de se afastar nem um minuto para ir cozinhar. O avô está sempre à espera que eu lhe peça qualquer coisa para ele me comprar e tem, enfim, uma esperançazinha de que eu seja benfiquista.
Quando a mãe e o pai me deixam na escola a correr, a tempo de eu cantar o bom dia e comer a frutinha do meio da manhã e tudo, começa a cheirar-me a esturro. Hoje por acaso a avó queimou o arroz, mas não é só nestes dias. Quando eles andam a correr, sobra sempre para mim. Significa que andam com muito trabalho e que não me podem ir buscar ao fim do dia...
Na maioria dos casos, quando chega a minha hora do cocó depois da sesta, em vez do pai e da mãe, vai-me buscar um destes quatro "criados", que passam o resto da tarde ao meu serviço, a ler, a brincar, a ir ao parque e a deixar chapinhar tudo no banhinho, sempre com paciência e sempre a sorrir. Eu gosto, ando mais exigente, mas também mais feliz.
Afinal, estão a "estragar-me" porquê?

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