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Isto de gostar de estar com os outros meninos tem os seus
quês. Antigamente eu não os conhecia, certo? Como poderia ficar com uns miúdos desconhecidos, com uma adulta desconhecida que me cantava canções (afinada!) que eu nunca tinha ouvido num espaço que eu não conhecia? E onde raio se escondia a mãe e o pai durante aquelas horas, dias que ia jurar que eram semanas sem noites, em que me abandonavam com uma cambada de gente mais alta que eu? É que, nesta altura, mais
percentil menos
percentil nota-se! Depois, a avó dava roupa gira (ela compra muitas coisas para eu me poder sujar à vontade) e eu vestia-a na esperança de impressionar lá no colégio. E eles, zás!, obrigavam-me a vestir um bibe ao xadrez que não só tapava a 'T-
shirt' do Noddy como me impedia de mostrar a minha veia artística com uma técnica que eu próprio inventei de pintura de papa, e que eu poderia fazer à hora de almoço, sem a mãe ver. Qual giro qual carapuça! No prazo de uma semana, tinha-me tornado num menino igual aos outros, mas sem a mãe e o pai por perto.
Vai daí, resolvi gritar todos os dias à chegada e choramingar todos os dias à saída. Se é certo que quase tudo na vida se consegue com birras, estava a ver se a mãe
guinchava um alargamento da licença de maternidade dela em frente à Segurança Social, que eu não me importaria nada de ficar em casa mais uns meses a ler livros.
Mas o que aconteceu é que a malta não se comoveu e passou àquilo que eu vi logo que era o plano B: à porta da creche,
zuca!, fugiam da minha vista, e quando eu olhava para o 'Bolhas' (é o peixe lá do colégio) - para ver se ele estava vivo, e coisa e tal, e as
bolhinhas - já eles se tinham escapulido deixando-me no meio dos vândalos.
Claro que vocês não sabem, porque não me conhecem, mas eu sou esperto também, do mais esperto que apareceu na colheita de 2009, e tratei de arranjar o meu próprio plano B. Transformei o infantário num "
infectário" e passei a adoecer a cada três dias: dois dias doente, um dia de creche, dois duas doente, um dia de creche. Remédio santo! Passava mais tempo em casa que na escola, e a missão estava cumprida.
Claro que a mãe e o pai andavam podres, e o mano não me podia ouvir, mas vi a pediatra mais vezes num mês que em toda a minha vida, apareceram os avós para cuidar de mim semanas seguidas, pegavam-me ao colo 500 vezes por noite para ver se eu não me engasgava... foi uma felicidade! Por isso não percebo porque é que, passado algum tempo, a coisa mudou, mas o que aconteceu é que mesmo com tosse ia à escola.
Bem vistas as coisas, quer eu fosse quer não fosse ao colégio, os meninos estavam lá sempre. Então comecei a achar que era engraçado poder brincar com eles, e deixar que eles me arrancassem os óculos, e comermos juntos com as mãos, e chorarmos todos ao mesmo tempo para a educadora se passar... E querem saber? Agora até acho giro! Tenho trabalhos para fazer, livros para roer, filas para ir para o refeitório, tantas regras! Mas gosto! E o bicho que volta e meia ainda me faz andar doente já pode ir para casa dele, sim? Vírus inteligentes percebem quando estão a mais, e eu agora já não preciso, obrigada, mas passem bem.
Perceberam??!