A mãe, claro, que tem a mania de ter umas teorias, nessa altura trepava às árvores e engolia em seco antes de debitar uma história qualquer sobre as crianças não poderem ter tudo o que pedem e deverem habituar-se a prendas nos anos e pouco mais.
Claro que, se tivéssemos cá em casa levado esta história à letra, eu estaria verdadeiramente mordido pelos macacos, porque, que me lembre, ainda só tive uma festa de anos. Mas adiante.
Este avô de cá, dizia eu, gosta muito de compras. Às vezes compra às cinco mangas de uma vez só porque estão em promoção - e então andamos a comer manga a semana inteira -, tem uma colecção de cinquenta relógios despertadores, não vá algum variar, e dá muitas vezes uma moeda em troca de um brinquedo que quase-quase funciona, mas que um senhor se lembrou de levar para a feira para vender.
Este piano, por exemplo, que está na foto: parece que lhe falta uma tecla. Mas eu nem ligo. Se o resto fizer barulho, tá-se, e eu... adoro. Por essas e por outras é que me parece que, à parte alguns pormenores, sou bastante fácil de sustentar.