quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Moscas

Naquela barriga redonda que eu escondo debaixo da minha camisola, às vezes aparecem umas coisitas que eu coço. Começa logo tudo a dizer que há melgas, não se liga a luz depois de o sol se pôr e o jornal passa a andar enrolado, assim parecido com o canudo do rolo de cozinha que eu gastei todo depois de cuspir a papa.
A maioria das vezes, já se sabe, anda tudo aos açoites às paredes, mas não há quem me mostre as devidas senhoras que me morderam, mesmo que digam "já foste" depois de uma cacetada num quadro qualquer.
Esta manhã, não se sabe de onde, apareceram umas pintinhas vermelhas quando me estava a vestir para ir para a escola. Posso deduzir que sejam uma reacção natural da minha pele ao padrão horroroso daquele pijama, que não há meio de se tingir sem querer na máquina com algum par de calças vermelhas-vivo, nem ficar com uma daquelas nódoas-que-não-saem e passar a pano do pó em três tempos.
Claro que ela foi logo procurar doenças com pintas aos livros todos. Mas eu tenho para mim que a coisa se resolvia assim como fez a avó de Castelo Branco na entrada da cozinha. Afinal, com o calor, andamos todos moles e com vontade de nos mordermos, não é só as moscas. E alcançar os puxadores das portas dá um trabalhão desgraçado. Assim como assim, seria mais fácil com fitas nas portas.

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