segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Mimo

Sei que beijinhos é coisa de bebé mas, tenham lá paciência, só o colo a mim não me chega.
Quando andam a tomar comprimidos e xaropes, já sei que não pode ser. Não há meio de conseguirem cantar uma baladinha sem tossirem, fungam o dia inteiro, e, para ser franco, não há quem os ature.
Mas, quando eles estão frescos, exijo sempre que posso a bela da beijoca na barriga ou aquele abracinho mais demorado - um direito que assiste a qualquer pessoa com mais de dez dentes.
A mãe tem espalhadas aquelas bíblias do Mário Cordeiro por tudo o que é casa de banho, e um dia destes ouvi-a ler que "o mimo é infinito e não faz mal a ninguém". Bem que a história de me deixar a chorar para ver se pegava nunca me soou grande coisa.
Agora, por exemplo, que estou em casa dos avós há dois ou três dias, com o pai e o mano, percebo o que querem dizer. Com tanto mimo, até já parece que gosto de fruta e, de noite, só uma aguita de vez em quando para esquecer o calor. Como me porto bem, dão-me mais beijinhos e, claro, mais colo. Mesmo para adormecer.
Aprendam comigo: o segredo está em saber dar-lhes a volta.

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