sexta-feira, 11 de junho de 2010

Palavras

O pai e o mano saem a fugir, estou a brincar na janela, a mãe acendeu o fogão. "Vão indo que já lá vamos ter."
Vem a mãe, muda a fralda. Troca as calças, põe sandálias, agarra as chaves. Saímos disparados, chamamos o elevador. "Pega ao colo, mãe, quero ver o Riq no espelho." Pega ao colo, rés-do-chão, abre a porta, fecha a porta, volta a subir, entra em casa, desliga o fogão.
De volta à rua, sempre ao colo, assim é fácil andar a correr. O carro da mãe, azul. Olha a cadeira dos primos. Põe as fitinhas, aperta o cinto. Passa para o banco da frente, enfia a chave. Brum, brum, como eu gosto. Guia um bocadinho depressa, vai ter com o mano e com o pai. Digo "pá-pá", para confirmar. Depois caladinho, para não incomodar.
A rua. Um carro contra um poste, preto como o do pai. Está estragado. Um camião dos bombeiros, a luz azul da polícia a girar. Faz a rotunda, segue em frente, faz outra rotunda. Volta para trás, vê se o carro não é do pai. Carro da polícia, luzinha azul, carro dos bombeiros. Tudo outra vez. Não é o pai, seguimos caminho. "Pá-pá!" Segue a estrada que sobe. Vai mais devagarinho agora. Chega onde o pai estacionou o carro dele. "Pá-pá-pá-pá-pá-pá". O pai diz adeus, eu digo adeus, "Pá-pá". Ele apita com o carro dele. "Pó!-pá!-pó!-pá!".
Também, bolas!, a gente baralha-se com o balanço!

Nenhum comentário:

Postar um comentário