segunda-feira, 28 de junho de 2010

Guincho

Imaginem uma panela de sopa. Ao lume, sem couvinhas, com espuma. Agora pensem que a panela é assim... mil vezes grande. E fria como um iogurte sem ir ao microondas. Confuso? Não! É assim o mar. Vi ontem. Enorme e friiiio!
Mal cheguei à praia, tratei de provar aqueles biscoitinhos esmigalhados. De fora parece terra, mas quando pisamos não há dúvida. São areias. Há no Dominó, há no Scala em Lamego, acho que até há naquele café da esquina onde o senhor me cumprimenta com um "bom dia, señor". Prefiro as línguas de veado, mas as areias também como.
Primeiro pus as mãos - aquilo cola-se - e lambi. A mãe histérica bateu palminhas nas minhas e deu-me as formas. Encheu as forminhas. Boa, fiz como faço com a papa. O dedo indicador, molho na areia e provo. Falta açúcar, mas come-se. Como bastante.
Levámos dois guarda-sóis, um deitado que faz vento, e outro que faz sol. O pai teve de voltar a casa, hora e meia sem praia, para buscar os xaropes. Odeio xaropes. Três qualidades, três colheres bem cheias. Tratei de cuspir tudo. Depois já não me apeteceu comer areia, nem gelar os pés na sopa.
Começou a fazer vento. Muito vento. Friiiiio! Tanto, tanto que havia uns papagaios a voar lá em cima. E uns meninos a tentar voar no mar agarrados a uns fios cá em baixo.
Quando os meus lábios ficaram roxos, o pai enrolou-me em duas toalhas para ficar quentinho.
Depois não me lembro de nada. Acordei e estavam eles a fazer um piquenique.
As cavalitas foi quando já não estava roxo.

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