sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Doce

Desde que me disseram que tinha graça assim que faço tudo para não só dizer "Eh, pá!" para as pessoas independentemente de as conhecer ou não, como de encolher ligeiramente os ombros a rir sempre que se metem comigo, o que faz que toda a gente à minha volta também os encolha e sorria a imitar-me.
Nestas férias, as gracinhas já me valeram minutos extras de colo, uma entrada no blogue da madrinha do mano e, bem..., um sonho da avó. Tem alturas em que estou um mimo; noutras, todo eu sou açúcar granulado e canela em pó.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Voltinha

O avô gosta de me levar ao café porque o guio por caminhos diferentes: ele puxa o braço para a direita e eu sigo em frente, diz para atravessarmos a rua e eu travo e volto atrás. Assim nunca há monotonia nesta coisa de passear.
É como as noites: anda a mãe a dizer que aqui é que é, que eu aqui como sempre com gosto, nada de birras, e durmo até ao pequeno-almoço, e então esta noite tratei de regressar às choraminguices desde as onze da noite às quatro da manhã.
É um gozo que eu tenho em trocar-lhes as voltas...

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Cós

Bem sei que nem tudo o que o mano usa eu posso usar.
Já tinha mais que entendido que não posso vestir só T-Shirts no Inverno como ele faz - mesmo quando a avó diz que ele vai ficar com uma pneumonia - porque eu, sim, parece que me constipo.
Mas o corte de cabelo já por várias vezes foi o mesmo, as camisolas também...
Agora se puserem de parte umas calças só porque lhes falta elástico, estragam-me à partida a hipótese de alinhar naquela moda dos boxers de fora. Não vos fazia mal alguma compreensão, não.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Timing

O Pai Natal que não me leve a mal, mas acho que está chegada a altura de ele meter os papéis da reforma.
Primeiro esqueceu-se de me trazer os automóveis e os aviões a sério de que eu falava na carta. Segundo, só na árvore da avó deixou uma catrefada de caixas de legos, quando eu lhe tinha pedido uma só. E, terceiro, dois dias depois do Natal, quando fazia todo o sentido ele já ter feito as malas e voltado lá para a casa dele onde neva, lembrou-se de me trazer mais uma prenda...
Nestas coisas da senilidade, faço como os crescidos. Respiro fundo, encolho os ombros, reviro os olhos e continuo com o que estou a fazer. Só ele não compreende que ninguém pode descansar a ler um livro quando há uma torre a construir...

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Parafusos

Ontem o Noddy ressuscitou. Deu-lhe para fazer 'slide' com este frio, e quando o espreitámos a partir da varanda estava congelado.
Ficaram todos tão preocupados com ele que o deixaram ir para cima do aquecedor (eu não posso, que me queimo, ele pode) e quando descongelou pôde andar nu pela casa (eu não, que está frio e me constipo).
Hoje já foi comigo ao café. Lá eles bebem, falam ao telemóvel, vão cumprimentando, e eu gosto de trincar um pãozinho que normalmente está quente e os donos do café me oferecem.
A ele, coitado, ninguém lhe dá nada. Não que seja má pessoa. Mas por andar nu a fazer desportos radicais e ir para a rua de pijama, apesar de ser de tecido, devem achar que tem um parafuso a menos...

domingo, 26 de dezembro de 2010

Lamúrio

Este sou eu com os meus três amigos: o Noddy, o Urso e a Girafa.
Como gosto deles todos, nem sempre é fácil mantê-los ao pé de mim quando passo do quarto para a sala, para a cozinha, para a casa de banho. Vai daí, pego no Noddy primeiro - digo "Noni!" - depois na Girafa - "Acha!" - depois vou agarrar no Urso - "Ucho!" - e muitas vezes caem todos.
Claro que assim demoro muito tempo a chegar a qualquer lado cá em casa e acontece que quando chego a mãe já não está.
Para resolver o meu problema, passo o dia todo para trás e para a frente a choramingar "Mã-mã-mã-mã-mã". Compreendam, não é mimo nem dependência. É só uma segurança minha: não vá ela sair sem eu lá.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Fartura

Querido Pai Natal,
Já percebi que recebeste a carta. Escrevo para te agradecer as três caixas de legos que agora tenho. Deixaste mais alguma lá na árvore em Lisboa? Só pra saber.
Próximo ano tentarei ser mais explícito.
Um abraço,
Riq

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Coisas que me põem tonto VIII

Eu e os primos, cada vez com mais prática. Prò ano despachamos esta coisa das prendas em cinco minutos.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Outros amigos

Começo a achar que ela gosta mais de brincar com a máquina de costura dela do que comigo...

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Foto de família




Primeiro ela explicou bem e eu fui sentar-me onde ela disse. Está claro, faço tudo bem feito.
Mas depois não podia adivinhar que quando chamavam "Riq, olha pràqui" estavam a falar comigo...

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Contrato

Agora não venham dizer-me que não posso jogar na equipa do mano por falta de equipamento...

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Bolo-rei

Manda a pediatra que ao pouco se ponham as couves a boiar, mas nós, os bebés - diz que sou bebé até aos dois anos - não conseguimos. Os agriões por muito cozidinhos que estejam e o alho-francês mal triturado, desculpem os meus modos mas há que cuspir. Quando já não vamos a tempo, pode-se sempre vomitar, o que não deixa de ser chato quando estamos fora de casa e temos de regressar com as meias grandes dos primos e as pantufas que já não lhes servem pela rua fora.
Coisas pequenas que normalmente não vomitamos: passas, frutas cristalizadas, pinhões, nozes, amêndoas... e uns grãozinhos de açúcar em pó. Como eu adoro estas coisas que eles comem pelo Natal...

domingo, 19 de dezembro de 2010

Enganos

Até eu, com o algodão das feridas, ficava mais parecido.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Animals

Querido amigo,
Parece que eu não ligo mesmo a abrir tudo ao mesmo tempo e o mais provável era entusiasmar-me a rasgar os papéis e querer deitar a árvore abaixo com tanta agitação, e então resolveram dar-me hoje a prenda que a tua mãe levou para o trabalho.

Agradeço o conjunto de quatro livros que me deste, mas aviso-te desde já, a ti, que és mais novo que eu e andas a aprender, que vais certamente ficar baralhado. É que a ovelha faz "méé" e não "baaaa", os piu-pius não fazem "cheep-cheep!" e se o galo fizesse "cock-a-doodle-doo!" de facto, de certeza que não passávamos para a sala dos três anos...

Diz lá à tua mãe que agradeço, mas que o livro vem avariado. Que se tiver o talão, podemos sempre mandar compor, que a avó às vezes faz.

Quando brincamos?

Um abraço,

Riq

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Coisas que me põem tonto VII

Vai na trigésima volta, não se espeta, e sempre sem maquinista.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Directo

Esta noite dormi muito de seguida para ser grande. Há alturas em que dá jeito ficar cada vez mais alto...

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Consulta do sono

Mil e uma coisas que precisas de saber antes de crescer (Por Riq Afonso)
É juntar às outras
Quando eles adormecem depois de o despertador tocar de manhã e saem de casa atrasados a dizer que te levam ali ao hospital e vais já-já para a escola, vale sempre a pena fazer uma birra para tentar evitar.
Primeiro entras na consulta do sono, em três tempos já saltaste para a pediatria e estão a ver-te as pintinhas que apareceram na piloca, e enquando estás entretido a brincar com a garrafa para passar o tempo já o otorrino te limpa a cera dos ouvidos só para avaliar se lá vem uma otite.
Se não te pões a pau, passas a manhã molhado com a água (eu lá sabia que era preciso enroscar a tampa?!), a brincar com meninos transpirados em camisola interior, e o mais certo é esquecerem-se de que precisas de almoçar.
Confia em mim, que eu estou cá para ajudar. Se não conseguires fazer nada contra, ok, junta-te a eles. Não sem antes te certificares de que na mochila vai uma muda de roupa, um automóvel para substituir a garrafa... e umas bolachas.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Noddy nas Colinas

Não sei de quem foi, mas agradeço a ideia brilhante.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Multiplicação

Até ontem tinha um irmão, quatro avós, duas educadoras, uns dez colegas na escola, muitos amigos, dois tios e cinco primos.
Hoje fomos viajar e descobri que os tios e os primos da mãe também são meus tios e primos, que os filhos deles também são primos, e, agora que já achava que tinha os meus brinquedos todos controlados, já não sei a quantas ando.
Já estou a ver o dia em que me dizem que afinal tenho mais uma mãe escondida numa terra qualquer, há mais três pais para me levar às cavalitas e uma catrefada de avós, que por serem de não sei quem serão meus também...
Agora que falo nisso... mais uns quantos avós até que vinham a calhar.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Compras

Esta história do Pai Natal parece-me muito mal contada. Primeiro, dizem-nos que só vem no dia de Natal. Nós temos pressa, sim, mas aceitamos e esperamos. Depois, no Centro Comercial, começa a haver cartazes a avisar que se pode tirar fotografias com o Pai Natal à hora tal, que é fazer fila. Hoje no Jumbo estava um manequim preto com barbas brancas a segurar um bacalhau, e até eu que uso óculos percebi que era um impostor.

À saída, um menino esperneava agarrado a uma caixa de cem carros pequeninos. Chorava e gritava para a mãe dele: "Mas eu preciiiiiiso!!"
Encolhi os ombros e segui caminho. Quem sou eu para censurar? Se calhar precisa mesmo...

sábado, 11 de dezembro de 2010

Tréguas

Adoro quando pára de chover nestes dias frios...

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Prenda

Hoje levo para a escola uma prenda que tanto dá para menino como para menina. A Rosa (já vos falei nela aqui e aqui) pediu uma coisa que tanto eu como a Nia, o Nabil ou a Margarida gostássemos de receber. Por mim, desde que tenha bastante papel para rasgar e seja qualquer coisa unissexo como um carro fórmula um, uma caixa de ferramentas com um black&decker, ou um barco telecomandado para a banheira, é uma boa escolha.

Nestas coisas, mais vale deixar os crescidos escolher. Também do que falo nem sempre me entendem, e convenhamos que perco um pouco a credibilidade com esta coisa de continuar a usar collants no Inverno debaixo das calças da tropa...

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Grades

A avaliar pela forma como choro quando me deixam sozinho, os vizinhos cá do prédio estão todos convencidos de que me deitam a dormir numa prisão a sério, daquelas com grades de ferro e um polícia à porta.
Ora, aí está: eu até suportaria as grades da cama se algum deles ficasse à porta. Como não ficam e a mãe insiste em dizer que aquilo "não é uma prisão, Riq, é um castelo...", trato de resolver o meu problema.
Qualquer castelo que se preze tem pelo menos uma entrada secreta.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Temporal

Meteram o estendal na sala, a ver se os pijamas secam. Lá fora, na varanda ao vento, as plantas estão presas com corda. Os estores, para baixo, impedem que ouça barulho no quarto. O gorro, quando vou à rua com frio, é porque eles têm medo das otites.
Para não destoar no Inverno, continuo a pregar os meus sustos.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Costas

Tenho natação aos domingos de manhã. Como a mãe e o pai decidiram que eu me constipo quando saio da piscina e eu volta e meia ando com o pingo no nariz, há bem mais de meio ano que eles pagam a piscina e eu não vou.
Até o Yoco dos iogurtes, preso à colher, no prato da sopa treina mais que eu.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Projectos

Gosto de trazer os meus amigos para brincar comigo. O Noddy vem quando é para ver televisão. O Tolo, quando estou a comer a sopa. O urso, quando faço legos.
O urso é um sentimentalão. Digo-lhe que vou fazer uma casa e tal, coisa pequena, para nós... e raramente aguenta a emoção.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Carta ao Pai Natal

Querido Pai Natal,
Olá, tudo bem? Eu sou o Riq.
Este ano, comi sempre a sopa até ao fim. Nunca virei a cara a dizer "não!" a nada, e nunca atirei com a colher para o chão porque me apetecia um iogurte. Nunca mas nunca chorei ao sair do banho. Acenei sempre com um sorriso quando alguém saiu para ir trabalhar e me deixou em casa e aguardei pacientemente que quem ficasse em casa se arranjasse para ir sair também. Não rasguei revistas, não risquei mesas, não pintei as paredes com restos de creme para o corpo, nem lambi os vidros acabados de limpar. Nunca pedi colo quando eles iam carregados de compras ou estavam a aspirar a casa. Adormeci sempre sozinho e dormi sempre a noite toda. E tratei de não crescer de uns meses para os outros, de maneira que continuo a usar com economia os bodies do ano passado e os babetes com flores que emprestaram à mãe.
Está visto que me portei bem. Então, era:
- um puzzle
- um livro
- uma caixa de legos
- um Toyota Corolla, 1.6, preto
- um Renault Clio, 1.2, azul
- um Boeing 747 com dois andares
- um helicóptero do INEM
- um autotanque dos Bombeiros Voluntários de Odivelas
- e se tiveres cães e gatos, traz também (eles são todos alérgicos mas se fores tu a dar eles deixam).
De resto, podes estacionar o trenó e as renas na varanda, que eu peço ao mano, ele tira o estendal, e cabem.
Obrigado,
Riq Afonso

sábado, 4 de dezembro de 2010

Noddy Alive

Eu sou um menino como os outros. Gosto de sair de casa quando eles saem, peço para ver os meus programas quando eles ligam a televisão e mesmo que rejeite o jantar consigo sempre petiscar o que eles estão a comer. Por isso, basicamente, dou pouco trabalho. Claro que também tenho de dormir qualquer coisa, porque senão eles ficavam cansados.
Na minha cama, preciso de guardar espaço para o urso, o Pokoyo e o Noddy. Morrem sempre de tédio quando têm de brincar a noite toda sem mim.
Daqui a uns dias, dizem eles que vamos ver um espectáculo com o Noddy a sério. Que ele vai apertar a minha mão, dançar à minha frente, coisa e tal. Claro que planeio convencê-lo a vir viver cá para casa também, e os outros... paciência.
Lamento Noddy pequenino, lamento Pokoyo, mas arranjem-se: a cama do pai é larga, e nessa, sim, cabe sempre mais um.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Trabalhos

Desde que me dêem atenção, faço desenhos com quem quiser. Agradeço é que não segurem a folha, que tapa, não pintem tudo direitinho, que tira o meu estilo e não usem lápis de cera nenhum: lamento, malta, mas preciso deles todos.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Restauros

Aquela coisa ali atrás é o armário das bolachas da bisavó. A outra bisavó para se casar levou o enxoval na arca verde onde agora tenho os brinquedos. Na sala, os meus DVDs estão na estante que o avô construiu tinha ele a idade do mano. E o tecido do sofá já foi pele, mas parece que tinha buracos.
Claro que pelo Natal, sobe-se o banco, elevam-se os pedais, dão-me o Clio que já tem dez anos, e está o assunto arrumado.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Gesso

Querida avó,

Dizias que aquilo parecia de plástico, mas não só não é de plástico como é pouco resistente, porque tentei confirmar e partiram-se à primeira. Agora parece que em tua casa tens uns presépios a mais. Faz favor guarda-me uma vaca e um burro.

E não te preocupes que aspirámos.

Beijinho

Riq

PS - Isto de vocês irem embora quando saio para cortar o cabelo baralha-me um bocado. Desta vez, nem os teus chinelos, avó, os cor-de-rosa, à porta, para eu apontar...

Caracóis

Hoje levei umas tesouradas na franja pouco antes de sair de casa. Andávamos há três meses a marcar e a desmarcar a ida ao cabeleireiro.
Claro que os caracóis foram crescendo e batiam-me nos olhos. E por muito que eu explicasse à mãe que aquilo se cortava bem era a ver o Noddy, ela insistiu em experimentar na casa de banho. Eu tinha umas coisas para fazer, pois bem, para mostrar, pois claro, ora no quarto, ora na sala, e por muito que ela me agarrasse não posso dizer que tenha ficado quieto.
Resultado: impus um novo estilo na escola de franja escadeada, e a Cristina, que trabalha no salão da frente, ao fim da tarde, tratou de aparar o resto.
Como eu me porto bem e tudo, não sei porque não tratou ela da coisa em casa...

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

domingo, 28 de novembro de 2010

Multifunções

No biberão à noite. Banco durante o dia.
Há que fazer render as coisas.

sábado, 27 de novembro de 2010

Ecoponto doméstico

Revistas cheias de famílias completas e imagens de motas para eu apontar. Telescópios que sobraram do rolo de cozinha. Caixas de ovos para guardar tralhas pequeninas. Coisas que me fazem falta, claro.
E eles vêm (eu agarrado a precisar mesmo da embalagem do iogurte líquido para a matraca), vão ao armário e preparam-me uma papa...

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Transporte

A carrinha que leva o mano está na oficina há três dias. Isto vale-me um grande passeio de carro todas as manhãs, para o ir pôr na escola, e eu, sinceramente, gosto.
Tem feito chuva aqui onde moramos, mas como entramos pela garagem do prédio só nos molharíamos nestes passeios se saíssemos para a rua na mota do pai.
Aí, eu agarrava-me bem ao mano, o mano agarrava-se bem ao pai, e o pai, agarrado ao guiador da mota, leváva-nos lá onde precisamos de ir.
Tivesse eu um capacete.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Diferenças

Já não é de agora, que já vos contei: tenho os dedos dos pés encavalitados. De há uma semana para cá, o segundo dedo anda a queixar-se de ter o primeiro às costas. Vai daí, a mãe pôs uns sapatos mais largos.
Qualquer outra família mais abastada mandava comprar uns pés novos...

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Arranjo

Pelas coisas que me ensinam lá na creche, parece que está bem chegada a hora de começar a aprender as cores. Eu esforço-me, claro, até porque há filhos de colegas da mãe que só não falam japonês porque não calha, e eu não posso arriscar-me a fazer má figura quando o Pai Natal começar a comparar os meninos para destinar os presentes.
Nem tudo ajuda. Quando eu visto a T-Shirt vermelha, e passo a manhã a dizer "bermelha-melha-melha-lha-lha-lha", qual a lógica de pôr o babete que a avó trouxe dos Açores, que além de letras tem cores, e baralha? Aos sofás da sala, meteram-lhes aquela cobertura antibaba, e só há 15 dias descobri que eram amarelos. E, já agora, alguém com influência no tal do santo das nuvens bem que podia tratar de lhe dizer que assim é difícil estudar o azul.
Se tudo correr como esperado, o triciclo já cá canta.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Alerta

Hoje não me pinga o nariz nem tenho tosse. Fiz da tábua de passar a ferro uma casinha enquanto ela estava entretida, ajudei a pendurar os cortinados, e nem sequer mexi na caixa de ferramentas quando se lembrou de apertar o varão que estava leso.
A abóbora que lançava mosquitos precisava de ser retalhada, e não só esteve à vontade a parti-la aos pedaços como tratei de prová-los a todos antes de irem para o congelador, não fossem estar estragados.
Fui dentro do cesto da roupa suja até à cozinha, e quando a máquina terminou entreguei-lhe uma a uma todas as molas de que precisava para estender aquelas camisas todas no estendal no meio da sala, porque chovia.
Depois, não me zanguei quando me tirou do banho. Comi algum creme do corpo, mas como ela nem deu conta não se zangou, e fingi-me tão esganado de fome que me esquivei a cortar as unhas, e então não houve gritaria até ao jantar.
Comi a sopa toda, que me soube bem; o arroz, a carne e os espinafres também, tudo sem me queixar. Até a fruta, que era fibrosa, marchou.
A dar tão pouco trabalho, só posso estar a ficar doente...

domingo, 21 de novembro de 2010

Abraço

Mil e uma coisas que precisas de saber antes de crescer (Por Riq Afonso)
Mais
outra
1. Se gostas de abracinhos e beijocas, experimenta fazer... coisas. Articular uma palavra, por exemplo, dá um "Liiindo!" e um abraço. Comer a sopa toda dá um "Muito beeeem" e quiçá uma castanha cozida depois do arroz. E ganhas beijinhos extras toda a manhã se acordares poucas vezes durante a noite.

2. Eles gostam que saibamos fazer, mas não nos ensinam tudo. Aprendam comigo. Levam-nos aos treinos de goalball e tal, e dizem tão bem de nós quando fazemos de apanha-bolas que nos convencemos de que tudo é simples. Mas nada de tentar trazer aquelas coisas para casa: além dos guizos que têm dentro (toda a gente nota, quando as desviamos), são tão pesadas, tão pesadas, que mesmo que as consigamos trazer até ao carro não haverá meio de nos safarmos com um pontapé só quando for para os golos. Mais vale esperar, crescer, e só então tratar do assunto.

3. Outra coisa: abrir e fechar as portas. A mãe faz, o pai faz, o mano faz. Nós, que somos crescidos, também sabemos. É só esperar que ela saia para a varanda e, zumbas!, fecha-se a porta atrás dela. É perra, sim, eles nunca irão adivinhar que temos força para isso, e toca a surpreendê-los. Claro que depois para voltar a abrir é mais complicado, e ela tem de gritar por ajuda para quem passa no passeio (já vos disse que vivemos no 8.º?), o vizinho tem de ir buscar a chave ao pai que foi jogar e não está na cidade, e nós fechados na cozinha com a mãe lá fora também não ficamos contentes, mas é o preço a pagar por mais um abraço.

PS - Desde o incidente desta manhã com a varanda que os vizinhos têm a nossa chave de casa. Pelo desespero e pela rapidez com que se decidiu a isso, muito em breve a mãe deve dar-lhes também a do carro e a da mota (tudo para o caso de ser preciso, como ela dizia enquanto agradecia e abanava as mãos). Alguém me diga, por favor, onde escondo as chaves de fendas de que o pai precisa para me meter as pilhas nos brinquedos...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O Céu

Há coisas que eles deixam fazer e nem se sabe bem porquê.

sábado, 13 de novembro de 2010

Fluorescente

Gosto. Não vou dizer que não. A cama até fica melhor ali onde a puseram. Os cortinados, é da maneira que me compram uns novos. E os brinquedos estão sempre arrumados, com a desculpa do bom chi.
Agora gostava de saber quem foi o engraçadinho que se lembrou de colar as estrelas no tecto.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Totoloto

Hoje, na escola, uma montanha de fotos afixadas. Pegaram em mim ai colo, disseram que aqueles bebés eram as educadoras quando tinham a nossa idade. Que tentássemos pôr uma cruz naquela que achávamos que era a da nossa sala.
Obviamente não percebi a piada. Se aquelas senhoras têm filhas, que as tragam para brincar comigo. Agora não queiram cá convencer-me que a Cidália alguma vez usou fraldas, a Cristina, aquela fita, e a Rosa, sempre de dieta, é a dona daqueles refegos.
Pelo sim pelo não, uma cruz em todas. Múltiplas, como a mãe faz no quiosque. Como ela diz: a ver se ganhamos dinheiro para a empregada.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Aftas

Quero papa mas dói, tenho fome mas dói.
Coisas difíceis de abrir: as portas da rua, os fechos... e a minha boca.
Bem que andava a precisar de perder a barriguinha...

domingo, 7 de novembro de 2010

Querida madrinha

Olá, tudo bem? Diz a mãe que hoje fazes muitos anos, e lembrei-me de ir ter contigo, mas tenho-me atrapalhado com as palavras: não me percebem quando quero aquela roupa, quando não quero aquela papa, quando preciso mesmo de brincar com aquele boneco de cristal que está ali em cima. Não percebem nada e, por isso, não há meio de me levarem.
Ainda tentei por mim, mas não consegui tirar o carro aqui da rua. Então, se quiseres cá vir ter, vês-me e dizes como eu estou crescido!, e eu deixo-te dar uma volta, que sobraram moedas na carteira da avó.

Pode ser? Agora vai lá comer bolo. E não, ela não se importou. No fundo gosta de ter o que contar.
Beijinho de parabéns,
Riq

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Vizinha

Hoje encontrei a Rosa a caminho da escola. É a minha educadora, o lugar dela é lá, mas despediu-se de mim no café e disse que entrava mais tarde. Quando encontrei a outra, que deu beijinho e carinho e foi mostrar as plantas e os amigos, mostrei o meu descontentamento, que ainda sei como se chora, e os horários são para cumprir.
Estava também ao colo a andar a caminho da creche - é assim que eu ando de manhã, ao colo - quando apareceu aquela vizinha barriguda a dizer que a minha nova amiga nasce hoje. Fiquei contente, pois bem, que ela será a vizinha do lado, e, com o Guilherme aqui da frente, podemos sempre fazer um clube secreto. Como o tempo não é muito e, afinal, tirar e não tirar a pulseira da maternidade, na melhor das hipóteses está cá para a semana, é melhor começar a fazer já a lista.
Assim sendo, cá vai: aquele livro, não posso emprestar; o urso, também não; o Pokoyo, não; na arca, não pode mexer; nem no cesto, nos meus carros...

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Invocações

Eu ando um bocado mamãdependente, e tem-me custado que seja o pai a deitar, a dar a papa, a vestir, a limpar o nariz, a pentear, a tirar o cocó, a fazer festinhas, a cantar, a ler a história.
Especialmente quando a mãe está cá por casa, não consigo compreender por que razão tem ela de estar a arranjar-se e não a mim, a vestir-se e não a mim.
Vai daí, nos últimos dias, tenho chamado por ela; melhor, chorado por ela. Gritado, vá, para ela ouvir bem. E o pai não tem tido a vida facilitada.
Então, resolve andar comigo a fazer esconde-esconde com a porta da cozinha ("não está lá ninguém, pai") ou fingir que as coisas nos ouvem e podem vir ter connosco quando chamamos por elas. Quando ele grita pelo elevador - estou eu a chorar porque a mãe não vem à rua -, vá que não vá. A gente diz "E-le-vadô-or!" e a porta abre-se, tipo Ali-Babá. Mas quando ele anda pela casa a chamar pela "Neo-Sinefriiiiii-naaaa!" para me pôr no nariz, embalagem que não anda, mal se vê e nem pisca nem nada, nem sempre compreendo onde quer chegar...