sábado, 30 de outubro de 2010

"Pá-pu!"

Mãe é mã, pai é pá, mano é mã, papa é pá. Uva é bã, pão é pã, colo é có.
Aponto para a prateleira e mostro-lhe como evoluo: agarro no pato e digo. Duas sílabas, fantástico.
Ninguém pára o Riq.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Excessos

Às vezes esticam-nos até de manhã e nem uma gotinha de leite para acalmar a grande fome. Outras, desistem, e às quatro já mamámos um biberão inteiro. Claro que as fraldas super-hiper-coisas nem sempre dão conta do recado.
Posso até acordar a chorar, com a fralda a transbordar, mas não me importo. É sempre bom estar a pé antes da hora, e - claro - despedir-me de quem sai cedo.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Equilíbrio

O pai gosta do estaminé com a papelada na mesa da sala. A mãe sai de casa e trabalha bem é com o computador montado na mesa do café. O mano, sentado de lado, no quarto dele, com aquela música bem alto.
Não percebo qual o espanto de eu ter as minhas exigências também para seleccionar as fotos com a avó.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Feng shui

O quarto deve estar exposto à "luz enérgica do Sol", leu em voz alta, enquanto comia um pudim e dizia que não devia. Confere. Parece que a tal energia se chama chi e simboliza o futuro, representa o crescimento e, bem vistas as coisas, sou o mais pequeno cá de casa, portanto é bom que façamos algo por isso. Como é uma energia "activa", diz aquele livro com poucos bonecos que é preciso fazer umas quantas alterações, para um "ambiente calmo e propício a um sono descansado".
Ora, está-se mesmo a ver: já não basta depositarem-me na creche, ainda querem que me entretenha a dormir a noite TODA sem os chamar para me fazerem companhia. Enfim, nem queria acreditar, mas continuei a ouvir.
A cabeceira da cama precisa de estar virada para norte, posição que aumenta a sensação de paz e tranquilidade, "ideal para insónias" (estou feito). Os cortinados devem ter tonalidades mais suaves e yin, portanto os meus, vermelhos, bué da giros, que escolhemos juntos no Ikea, vão servir para forrar peluches. A cobertura da cama já não serve, precisa de ser mais yang, mas as estrelas do tecto, que "introduzem a energia do fogo, que acalma a energia da árvore do Este", parece que podem ficar.
Pode ser impressão minha, mas com tanta leitura de chis, yins e yangs, ela que gosta de línguas deve andar a treinar chinês. Só isso explica que de noite, quando normalmente só suspira e diz mal da vida dela, da trigésima vez que a acordei para vir ao meu quarto e me dar colinho, não só não tenha visto a cómoda onde deu um chuto com os dedos dos pés descalços como me tenha ensinado mais umas quantas palavras.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Super-Riq

Diz a minha educadora que eu sou do melhor que há a despachar a sopa sozinho. Acabo tanto antes dos outros que por vezes me sobra tempo para ir ajudar os mais lentos a tratar da papa deles. Claro que como acerto bem com colher dentro da boca podiam achar que eu já não preciso de babete, mas não é bem assim.
Em casa, na creche ou no restaurante, dá-me sempre jeito para os meus voos.

domingo, 24 de outubro de 2010

Caparica

Provei e gostei. Pus na boca e lambi, como da outra vez.
Ontem de manhã, que estávamos sozinhos os dois, começámos por andar a pé, a molhar os ténis, mas acabámos por rebolar com um cão que andava lá a saltar. E no final, apesar de ela estar de dieta, pois sim, metemos as mãos na massa.

sábado, 23 de outubro de 2010

Pilates

Em vez de gastar dinheiro no ginásio, bem podia fazer aqui comigo...

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Companhia

Parece que ela desistiu. Fraca. Fechou-se no quarto a sete chaves e meteu tampões nos ouvidos, aposto. Hoje dormi com ele. Na cama ao lado, lá esteve ele a noite toda. E eu na minha com o Noddy e o urso. Quando precisei foi só chamar.
Fixe.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Deus

Há coisas que nos fazem pensar.
Se a mãe e o pai têm pouco tempo para estar comigo, a avó vem cá para casa tomar conta, e dá o banho, a papa e os medicamentos. Agarra-me em frente ao aerossol com tanta força como a que usa para me segurar em cima do escorrega quando resolvo ficar em pé, e leva-me a ler o jornal ao café com o avô a sentar-me nas cadeiras e a cumprimentar a malta que passa, tudo porque acredita que sou crescido.
Acho que todos acreditamos em coisas diferentes. O meu Noddy, por exemplo, que dorme comigo, diz "Oh, tenho tanto sono!" assim que lhe aperto a barriga, mas como continuamos acordados eu não acredito. A mãe também deixou de acreditar nas razões que a façam trocar a ida à missa com a avó pelo passeio na praia, a igreja pelo escorrega, a hóstia por um gelado.
E hoje, que dormi pouco, ela levantou-se a acreditar ainda menos. Mas naquela horta que ela planta na varanda e que já ninguém achava que ia dar em nada apesar de se regar e de se tratar começaram a aparecer três exemplares de tomate. E ela, maldisposta, não conseguiu deixar de pensar nas coisas. E, quando me fez a cama, ia jurar que o Noddy lhe piscou o olho.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Macaca

Desde domingo que estamos a fazer aquilo que a pediatra diz. Sim, porque ela diz e percebe-se; ela disse à mãe que era preciso eu deixar o leitinho à noite, e por mais que eu diga "titinho" e aponte para a cozinha, a mãe não se toca.
Já experimentei bater-lhe ou beliscá-la, porque é de noite e ela pode estar com sono e precisar de acordar. Já tentei empurrá-la (ela é pesada, mas eu sou forte), mas não há meio de ela parar de repetir que não pode ir buscar o biberão por isto e por mais aquilo, e dá beijinho quando eu não quero beijinho e abracinho quando o que eu quero é leitinho.

À falta de compreensão, e como eu sou novo nestas coisas das palavras, experimento até palavras novas, tipo "abre" - e aponto para a cozinha - ou " 'acaco" - e aponto novamente - mas nada.
Resultado: acreditem ou não, hoje batemos o recorde. Fui para a escola sempre a sorrir, como sempre, que eu sou de uma fornada bem-disposta, mas a senhora que me levou era mesmo a minha mãe, mas com umas olheiras mais fundas que o tal macaco.
No fundo, no fundo, estamos a ficar bons nisto.

domingo, 17 de outubro de 2010

Canos

Nas últimas semanas, desde que deixou de fazer calor, bebo menos, e o que se poupa em fraldas vai para as caixas de bebegel da farmácia, porque às vezes fico com um nó que não é bonito de ver. Claro que, quando quero contrariar a tendência, eles não deixam: nem detergentes, nem champôs, nem óleos de fritura usados fechados em garrafas que ia jurar que eram da minha água... Não, nada disso é para consumir.
Ao fim e ao cabo, parece-me é que nunca estão satisfeitos: se bebo é porque bebo, se não bebo é porque não. Enfim...

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Claustrofobia

Cá em casa optamos por um estilo de vida saudável. O pai enche um pano da cozinha com uma peça de fruta de cada nação e come assim tudo ao mesmo tempo: tem vitaminas e isso torna-o forte. O mano, que gosta de braços musculados, dá murros no saco de boxe, faz flexões, pega naquelas coisas pesadas, uma em cada mão, e estica e encolhe os braços, estica e encolhe, estica e encolhe. A mãe, nem vos conto o que faz para caber nas calças de ganga.
Está mais que provado que nestas coisas da saúde nem tudo se consegue assim do pé para a mão. Quando eu subo ao oitavo andar, pelas escadas, porque faz bem, tenho de gramar com uns 180 degraus. Depois há os que eu me esqueço e tenho de subir outra vez, aqueles em que se tem de voltar atrás para ver o que ficou no chão, uns em que paro e retrocedo para observar melhor o sensor da luz das escadas a funcionar... Portanto, bem baralhado podemos contabilizar uns 300.
Sei que quando lhes doem as pernas, e as costas - eles andam inclinados -, às vezes lhes passa pela cabeça que nós, os bebés, fazemos estas coisas de propósito só para chamar a atenção, para mostrar graçolas. Mas não, malta, não é nada disso. Compreendam que por vezes o elevador me deixa tonto...

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Parka

O meu casaco azul tem o alarme anti-roubo ao pendurão. A madrinha pagou-o, sim, mas trouxe-o da loja sem lho tirar, e no outro dia, quando saí com ele, não deixei de achar graça à hipótese de apitar sempre que passava por alguma porta.
Para tornar tudo mais excitante, levaram-me à rua também sem retirar a etiqueta do preço e os botões de substituição.
Não levo a mal, claro. Até pode ser útil. Com tanta gente a olhar para mim e a dizer que eu sou lindo, nunca se sabe quando vem alguém e nos quer apreçar...

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Pólis

Sei de quem se maquilha, consulta a agenda e fala ao telefone enquanto anda de carro. Estou certo de que, não fosse eu estar no banco de trás e dar pouco jeito, até me contava uma história e dava a papa em andamento.
Não sendo eu queixinhas, resta-me conformar com a polivalência: de pijama, a aguardar o jantar na cozinha enquanto conduzo, vou adiantando e leio o meu livro das janelas.
Genes...

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Coisas que me põem tonto III

E depois sou eu que não paro quieto...

domingo, 10 de outubro de 2010

Apetite

O fim-de-semana a explicar-lhes. Mesmo se não se comer grande coisa, mesmo só com uma aguita, dá para crescer e ser forte.
Amanhã, lá na creche, já estou pronto pra outra. E para cuidar da outra, pois.

sábado, 9 de outubro de 2010

Num oito

Passamos a noite a chora-mingar e ninguém se zanga connosco. Podemos vomitar três vezes os lençóis, mas, como não é de propósito, até nos dão beijinhos enquanto nos trocam a roupa. E com sorte ficam a fazer companhia na cama ao lado sem ser sequer preciso pedir.
Não é que goste de estar maldisposto, mas, confesso, tem o seu quê.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Chuva

Querido São Pedro,
Olá, tudo bem? Eu sou o Riq.
Tu não me conheces porque estás aí em cima. Como eu estou cá em baixo e isto é longe, não podes ver-me. Sou alto (diz a avó), giro (dizem todos), e desde a manhã de ontem que tenho umas lentes novas (estava mesmo a precisar), pelo que brilho. Portanto quando vieres cá podes falar-me: normalmente sorrio.
Escrevo-te porque te queria pedir um favor. Sei que és assim como eu: gostas de abrir e fechar as torneiras, abrir e fechar, abrir e fechar... Eu também gosto. Mas normalmente paro quando eles começam a dizer que já chega. Ora, parece-me que deves ter adormecido na banheira ou assim, que as folhas aqui da rua já andam assim tipo barco de um lado para o outro, e continua a chover. E eu gosto do barulho quando lhes salto para cima e elas ensopadas não estalam nada. Portanto, resolve lá isso, sim? Se faz favor. Obrigado.
Riq

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Bluff

Era o que eu imaginava. Não está em lado nenhum que por não dormir o Ruca o põem fora de casa...

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Circo

Equilibro-me de tal maneira na cadeira de baloiço lá de casa que sempre achei ter jeito para malabarismos. Como gosto de animais e até já vou pra crescido, quando não tiver emprego - essas coisas acontecem - vou oferecer-me para trabalhar com animais aos senhores do circo.
Gatos, gosto. Cães, gosto (quanto mais saltaricos, melhor). Galinhas, adoro. Vacas, cabras, coelhos, cavalos...
Claro que me faltava um pauzinho daqueles brilhantes para abanar e fazer os leões saltar pelos arcos em fogo. Vai daí, na mesa da cozinha, estava a faca de serrilha para cortar o pão. Pensei: é isto mesmo. Agarrei-a, agitei-a assim como eles fazem. E, em três segundos, ouvi um grito, e a faca desapareceu.
Olhei prà mãe e fiquei logo a ver o futuro: sempre a pensar em seguir-me em tudo, anda já a treinar para ilusionista...

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Directa

Hoje recuperei na sesta da escola.
A mãe, o pai e o mano, não.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Engenhos

Ontem a mãe fez um bolo na Bimby. Não tinha seis ovos, pôs cinco; não tinha limão, raspou laranja; e à falta de margarina besuntou a forma com óleo de fritar os rissóis.
Podia não ter resultado, mas resultou. Claro que quando sou eu a fazer experiências não me deixam fazer nada...

domingo, 3 de outubro de 2010

sábado, 2 de outubro de 2010

Passeio

Há regras e regras. Lá em casa há regras a mais. Em casa dos avós, menos.
Para todos os efeitos, e não vá a mãe perguntar..., aquele ali não sou eu.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Mãozinha

Vão buscar-me à escola, metem-me na cadeira do carro e lá vou eu para a casa deles. Hoje à tarde, tenho de estar preparado. Serão dois dias inteirinhos a dormir numa cama diferente, a fugir da avó quando ela vier com o prato da papa atrás de mim, a trocar os bibelôs todos dos sítios deles, a deixá-los a babar mais do que eu quando ando com os dentes ao mostrarem-me aos vizinhos daqueles andares todos sem elevador.
Este fim-de-semana, vou passar o tempo todo com eles. Não porque o pai, a mãe e o mano tenham muito trabalho e lhes falte o tempo para brincar. Não. Parece que os avós precisam de mim, e eu tenho de ir lá para os ajudar.