Nunca andei de avião. As coisas que normalmente vejo a voar são as moscas em casa da avó de Leiria, que chateiam os cavalos de lá, as molas da roupa da mãe, que às vezes voam da varanda para o passeio, e a colher da papa do pai, isto quando a alface faz parte da ementa ou simplesmente quando não estou nos meus dias.
O que me salva a fama são umas quantas T-Shirts com aviões estampados, que uso para enganar a malta do bairro, que fica a achar que sou forte porque pertenço à Força Aérea, e assim me respeita ao subir para o escorrega quando não é a minha vez.
Outra coisa que me dá alguma autoridade é a visível extensão do meu vocabulário. Como vou explicando tudo o que vejo e chamando para que olhem para tudo o que aponto, todos analisam a profundidade da minha cultura geral. E claro que, como não percebem metade, facilmente chegam à conclusão que sou fluente em línguas estrangeiras.
Não estou aqui para enganar ninguém: limito-me a fazer pela vida quando ando por cá. E aprendo com as coisas que visto.
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