quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Bu-bum

Não se ouve, mas aposto que ela ressonava. Eu estava, claro, compenetrado a ouvir o bombo, não podia avisá-la do barulho que fazia. Mas sim, aposto que ressonava. Ressonava e o bombo da barriga fazia barulho também. Ah, e não me parece muito justo, porque até posso parecer nu, mas não estava.
Claro que ela mete esta foto no perfil do Facebook e toda a gente carrega no botão e diz que gosta.
Se eu visse fotos dos meus amigos a fazer figura também gostava...

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Pássaros

Se eles conseguem, mais tarde ou mais cedo hei-de fazer.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Adepto

O mano é do Porto. O pai e a mãe, do Benfica. Eu, claro, sou do Odivelas.
Há que aprender a nunca dizer que sim a tudo.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

McDonalds

Dizem uns amigos lá da escola que há uns sítios com bolas onde cabemos muitos, sem meias, e que é divertido andar lá a saltar enquanto os crescidos comem os hamburguers. Que dá para fazer festas de anos, e é divertido andar a saltar dentro das casinhas com bolas, etc e tal.
Juro que tentei...

Não me parece.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Iogurte

A comida que eu como está viva. Não há como negá-lo. Duas em cada três colheres de iogurte vão para a minha roupa. Eu digo-lhes "Vá, colheres, toca a ir para a minha boca". Elas, malandras, teimam em fugir. Em menos de nada, lá está a Rosa a trocar-me a T-shirt ou a meter o bibe num saco de plástico.
Bem sei que faço cara feia, como se vê, quando digo que as vou comeer! Mas escusavam de fugir.

Já os bifes, mais crescidos certamente, não se assustam tanto. Daí que talvez comece a picar a papa com o garfo...

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Mée

Não dá para ver bem, foi o pai que disse para eu pôr a foto, que sim. Parece que atrás de mim está a tal obelha.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Aquapark

Aquela coisa que eles trouxeram do rock in rio está no meu quarto há um ror de tempo. Serve para pôr a roupa passada a ferro, para sentar os bonecos quando a cama está a ser feita de lavado, para apoiar o biberão quando me estão a mudar a fralda a meio da noite.
Eu bem me posiciono, me seguro a jeito, como vi que fazem lá naqueles escorregas com água. Agora explicar-lhes que é para empurrar, está quieto.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Avaria

Queridos senhores da assistência técnica da Sony,
Olá, tudo bem? Eu sou o Riq.

É só para avisar que a televisão não dá.
A última vez que deu, havia uma zebra. Gorda. Depois nasceu uma zebra pequenina. "Estás a ver, Riq? Tão linda? É um bebé", disse ela.
Claro que estava a ver. Via também que aquele bebé devia ter algum problema nas patas – mal se punha em pé. Caía, levantava-se e, era cá dos meus, quando se equilibrava, corria atrás da zebra, certamente para ela lhe pegar ao colo. A mesma escola, claro, as mães aprendem todas no mesmo sítio, e nós bebés atrás delas.
Adiante, continuo a contar. Eles andavam a comer as ervas, depois apareceram outras zebras com riscas, alguma havia de ser o pai. Passeavam, andavam, de um lado para o outro.

Depois veio a chita.
Foi aí que a televisão deixou de dar.
Podem vir compor?
Obrigado,
Riq

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Jantar fora

Não vejo qual é o problema. Ela pode perfeitamente pedir que alguém lhe dê a comida à boca como fazem comigo.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Personalidade

Peço peixe, e eles dão sopa. Carne, e eles dão sopa. "Arroj", "maxa", "papa", "pão", "'olo", "'olaxa". Eles: sopa.
Há mais de duas semanas que peço para saltar a sopa, e eles nada. Cuspo, e eles insistem. Choro, e a colher estendida. Caras zangadas, "RIIIIQUE!", e eu tenho-me mantido firme na minha personalidade: se não me apetece sopa, não vou comer sopa, topam?
Escusam é de me deitar sem jantar, com frases que não sei onde as aprendem eles tipo "Se não comes a sopa também não comes mais nada". Assim fico com fome, e é normal que me custe a dormir. Aceito biberões, por exemplo, pelas nove da noite, só para confortar o estômago.
Além do mais, a avaliar pela quantidade de presentes atrasados que a madrinha me deu neste fim-de-semana, eu só posso andar a portar-me bem.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Lavatório

Por muito que digam que estou a ficar muito alto, o certo é que nem com o banquinho do Ikea chego ao lavatório da casa de banho. Antes de comer, claro que preciso que me peguem para lavar as mãos. Depois de comer, colo para me lavarem os dentes. E até para me fazerem o risco ao lado, lá lhes trepo eu para os braços, escovinha na minha mão, para aprender, e até hoje nunca me queixei.
Agora o pai comprou uma coisa que encaixa na banheira, a mãe diz que é para eu aprender a fazer as coisas sozinho (parece que há mais meninos com estas coisas lá na casa deles e ela gosta sempre de copiar as ideias) e eu, obviamente, começo a sentir falta do colo.
Percebes agora a noite passada, mãe? Percebes?

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Obelhas

Na minha rua ao fim do dia, há uns candeeiros que quando passo ligam - mais uma vez a prova de como eu sou importante.
Quando saímos da creche e ainda temos tempo, costumo vir a passear com o pai, a ver os cães que andam a comer a relva, as flores e os arbustos. Nem sempre percebo bem para onde ele está a apontar, mas faço sempre um som.
Por exemplo: "Olha um dálmata!" A gente olha, não encontra o tal do dálmata, em vez disso um cão com varicela, diz-lhes "ão-ão", e é da maneira que se chega a casa e se ganha um iogurte.
Um dia destes o pai apontou: "Vês, Riq, é uma abelha." Eu, lição bem estudada, nem precisei de espreitar atrás da flor que tinha a mosca para responder logo "méeee". Só para ele ver que sei bem como falam as abelhas.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Desarranjo


Compreendam a minha ausência nos últimos dias: comi aquela coisa na escola que me fez mal, e tanto eu como a máquina da roupa temos andado ocupados.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Vício

Desde que esconderam os DVD, noto o Noddy um bocadinho carente.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Material


Compreendo que há brinquedos que custam mais que outros e que as pessoas que me dão prendas têm outros filhos e filhas e pais e mães e papas e leites para comprar, e nem sempre têm dinheiro para tudo.
Já reparei também que, quando se põe o cartão no multibanco, nem sempre saem notas, e com aquele papel pequenino nem com o meu sorriso consigo comprar nada na loja.
Compreendo tudo, a sério. E reparem, como sou crescido, nem vou fazer birra nem nada.
Agora na minha bancada de trabalho falta uma rebarbadora e um berbequim. E eu preciso mesmo. Portanto, arranjem-se.