Coisas que me põem tonto XII

Quando ela diz "ora bolas que não trouxe a lista"...

Desenvolvimento

A caixa do puzzle dos cinco sentidos diz que só os meninos com três a cinco anos podem brincar com ele. Trouxémo-la de Lamego porque achava a mãe que como ando a crescer podia ser que um dia destes fizesse os três anos e então davam-me a caixa para eu brincar e assim poupavam no dinheiro das prendas para gastar na farmácia nos cremes que não fazem alergia.

Claro que eu, esperto e observador - além de giro, dizem eles -, depressa aprendi a juntar as peças, e agora ficam todos espantados como faço com tanta facilidade um puzzle que, afinal, não é para a minha idade.

Está evidentemente nos genes: tanto eu como o mano temos esta coisa de parecer muito mais velhos do que na realidade somos. Já o pai e a mãe, desde que eu faço aquilo com uma perna às costas, parecem uns bebés: quando estão a filmar com o telemóvel, dava-lhes todo o jeito um babete.

Coisas que me põem tonto XI

Temperaturas

Se cheira tão bem, e ela mexe, não percebo porque não posso eu mexer.

Maçaroca

A mãe almoça e janta de perna cruzada. O pai come as cartilagens do frango. Os avôs bebem vinho à refeição mesmo se não for dia de festa e o mano gosta de molhar o pão na frigideira dos bifes. A avó diz que as batatas fritas sabem melhor à mão e a outra avó gosta de comer com o som da televisão.

Não é que precise de me justificar, mas não vejo mal nenhum em comer assim a banana.

Estilo

Sim, é assim que eu durmo. E depois?

TV

O meu mano é um menino ocupado. Faz muita ginástica a toda a hora, demora mais tempo a lavar o cabelo no banho do que o pai a descascar legumes para a sopa e tem sempre de fazer desenhos para levar para a escola no dia seguinte. Assim, cá em casa a televisão é normalmente para mim.
É pois normal que eu estranhe quando se põe lá a jogar as coisas dele.

Apanha-bolas

Torneio de goalball este fim-de-semana. Já estou a ver que vai sobrar para mim.

Cola

Depois de semana e meia em casa, confesso que está a ser difícil regressar à escola.

Arrumação

Mil e uma coisas que precisas de saber antes de crescer (Por Riq Afonso) A publicar em Guia Prático um dia

Os brinquedos não são para arrumar todos na arca. Não se pode saber quando eles estão a sair do nosso quarto depois de nos adormecerem se não deixarmos algo que eles pisem e faça barulho espalhado no meio do chão.

Vão por mim: carros melhores que almofadas, legos melhores que peluches. Se bem que, ao fim e ao cabo, serve tudo o que eles possam pontapear quando saem descalços e de mansinho.

Empurrão

Este ano ofereceram-me uma mota assim quase como a do pai. Como preciso só de uma ajudinha porque não chego aos pedais, entretenho-me com facilidade e não peço tanto colo.

Claro que não percebo porque continuam eles a queixar-se de dores nas costas.

Cumplicidades

Desde que o vizinho da frente nasceu que a mãe o usa como exemplo para tudo. Ora sou eu que tenho de comer porque vem o Gui e come por mim, ora sou eu que faço anos e na semana seguinte ele também pode fazer.

Eu não sou uma pessoa invejosa, e até gosto de o ter por aqui pelo prédio e que tenha uma festa gira no dia de hoje, quando eu até estou doente e não posso ir. E tanto não me chateia que seja mais fotogénico que eu que até publico aqui uma foto dele.

Quem sou eu para lhe querer roubar protagonismo: já agora ficam a saber quem é.

Chassis

Na festa do meu aniversário não me deixaram brincar com aquele carro. Puseram na mesa – eu ia jurar que não se podia ter brinquedos na mesa –, e quando me atirei a ele para ver se rolava bem no soalho cá da casa, agarraram-me bem agarrado, cantaram aquela canção que já me andavam a ensinar há uns dias, e quando dei por mim já tinha saído da mesa e estava tudo a brindar com copos e a comer bolo.

Ainda andei uns dias a perguntar por aquilo quando via o DVD do Noddy, mas, como de costume, ninguem me percebeu. Com a sorte que eu tenho, deve ter ido para Leiria, para onde o avô guarda os brinquedos que já não servem. Afinal, para quê as velas se os faróis funcionassem?

Gripe

A senhora lá da creche ligou para casa a avisar que há mais meninos doentes. A mãe ligou à avó para vir tratar de mim e à pediatra para saber dos medicamentos, e o pai levou-me ao hospital meia dúzia de vezes nos últimos dias.

Há mais de uma semana que não vejo os meus amigos da escola. Também lhes ligava, se pudesse.

Lençóis

Como estou em casa há uns dias, a malta deve estranhar eu não conseguir actualizar o meu blogue. Eu explico: o portátil anda doente como eu, parece que tem vírus, e há meia dúzia de dias que foi arranjar. Como nem sempre consigo pedir emprestado o computador do mano, claro está, empato trabalho.
Diz a pediatra que faço bem em não ir à escola, porque tenho tosse e antes de eles meterem o Ben-U-Ron tenho frio (eu não digo que aquilo não faz bem?), e o meu nariz está mais vermelho do que o do Senhor Sempre-em-Pé.
Os avós, que eram para regressar à casa deles, afinal ficaram e devem estar a preparar-se para viver connosco de vez.
E, como o computador está avariado, estar doente nem me parece mau de todo: toda a gente sabe que, quando a malta tem febre, faz-se muito mais vezes as camas de lavado. E eu sou do melhor a ajudar.

Cores

Desde que nasci que gosto de ver televisão acompanhado. Quando era mais novo, e tinha aquele problema do avô de lhe custar a manter-se acordado no sofá, tinha de gramar com as séries todas com os senhores vestidos de médicos. Agora que não adormeço, toda a malta cá em casa me acompanha a ver os meus filmes.
Se o problema é eu estar sempre a ver a mesma coisa, resolve-se: desde que a televisão caiu ao chão que o cabo se segura mal e a antena faz mau contacto; com tonalidades diferentes, mesmo que repita os DVDs, nunca se vê o Noddy da mesma maneira.

Balanço

Nesta semana do meu aniversário, sinto-me muito mais crescido: sou do mais rápido a comer a sopa quando gosto, ligo e desligo a televisão consoante está ou não a dar o Pokoyo - e, logo, consoante me interessa ou não - e digo perfeitamente "tês!" depois de eles dizerem "um" e "dois".

Assim sendo, bem podiam deixar de me dar banho no lava-loiça quando me sujo um bocadinho com papa...

O Pensador

Parece que este aqui era eu há dois anos.

Chocolates

Dizem que há dois anos eu estava ali. Devia ser desconfortável, mas parece que fazia frio e tal. Uma grande história de um inverno como não houve outro, de eu ter crescido e depois ter vindo cá pra fora.

Enfim. Até pode ser. Mas eu mantenho a minha teoria.

Vontades

Mil e uma coisas que precisas de saber antes de crescer (Por Riq Afonso)
Mais outras

1. Não vale a pena fazer birra para ir à rua. Ou eles vão à rua e podem levar-te ou não vão à rua e por muito que lhes expliques que consegues não te deixam ir sozinho.

2. Não vale a pena fazer birra para ver o Noddy quando eles acham que estamos viciados. Mais vale fingirmo-nos interessados na Rua Sésamo e nas Fábulas da Floresta Verde, com aqueles bichos todos que falam, e mais cedo ou mais tarde deixam-te voltar aos teus DVD.

3. Não vale a pena chorar que queremos colo quando nos põem na cadeira, nem chorar pela cadeira quando nos querem dar a papa ao colo. Tem dias em que, grande lata, ainda damos por eles a gozar com o nosso esforço.

Coisas que me põem tonto X

Coisas que me põem tonto IX

Temos esquentador em casa da avó. Às vezes ela esquece-se e abre a torneira para lavar uma panela ou outra...